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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Papa: Madre Teresa foi dispensadora generosa da misericórdia divina


Cidade do Vaticano (RV) - A missão de Madre Teresa de Calcutá “permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres”: disse o Papa Francisco na missa de canonização da religiosa fundadora das Missionárias da Caridade, cuja celebração foi presidida na Praça São Pedro, lotada por cerca de 120 mil fiéis e peregrinos provenientes de todas as partes do mundo.

Uma dia de festa para a Igreja e para o mundo, para todos homens e mulheres de boa vontade que conheceram nesta religiosa de origem albanesa uma gigante da caridade dos nossos dias, apresentada pelo Pontífice ao mundo do voluntariado – que nestes dias celebra seu Jubileu – “como modelo de santidade para todos os Agentes de Misericórdia.
Partindo da passagem do livro da Sabedoria (9,13) em que o autor sapiencial pergunta “Qual o homem que conhece os desígnios de Deus?”, o Pontífice afirmou que esta interrogação presente na liturgia dominical apresenta a nossa vida como um mistério, cuja chave de interpretação não está em nossa posse.

“Os protagonistas da história são sempre dois: Deus de um lado e os homens do outro. A nossa missão é perceber a chamada de Deus e aceitar a sua vontade. Mas para aceitá-la sem hesitar, perguntemo-nos: qual é a vontade de Deus na minha vida?”, continuou Francisco.
“Para Deus são agradáveis todas as obras de misericórdia, porque no irmão que ajudamos, reconhecemos o rosto de Deus que ninguém pode ver (cf. Jo 1,18). Todas as vezes em que nos inclinamos às necessidades dos irmãos, dêmos de comer e beber a Jesus; vestimos, apoiamos e visitamos o Filho de Deus (cf. Mt 25,40).
“Somos chamados a por em prática o que pedimos na oração e professamos na fé.” Dito isso, o Santo Padre fez uma premente advertência: “Não existe alternativa para a caridade; quem se põe ao serviço dos irmãos, embora não o saibamos, são aqueles que amam a Deus.
A vida cristã, observou, não é uma simples ajuda oferecida nos momentos de necessidade. “Se assim fosse, certamente seria um belo sentimento de solidariedade humana, que provoca um benefício imediato, mas seria estéril, porque careceria de raízes. O compromisso que o Senhor pede, pelo contrário, é o de uma vocação para a caridade com que cada discípulo de Cristo põe ao seu serviço a própria vida, para crescer no amor todos os dias.”
Após ressaltar que na página do Evangelho proposto na liturgia do dia ouvimos que “seguiam com Jesus grandes multidões” (Lc 14,25), hoje, a “grande multidão” é representada pelo “vasto mundo do voluntariado, aqui reunido por ocasião do Jubileu da Misericórdia. Sois aquela multidão que segue o Mestre, e que torna visível o seu amor concreto por cada pessoa”, disse o Pontífice dirigindo-se diretamente a eles.
“Quantos corações os voluntários confortam! Quantas mãos apoiam; quantas lágrimas enxugam; quanto amor é derramado no serviço escondido, humilde e desinteressado! Este serviço louvável dá voz à fé e manifesta a misericórdia do Pai que se faz próximo daqueles que passam por necessidade.”
Francisco lembrou que seguir Jesus é um compromisso sério e ao mesmo tempo alegre; “exige radicalidade e coragem para reconhecer o divino Mestre no mais pobre e colocar-se ao seu serviço”.
“Para isso, os voluntários que servem os últimos e necessitados por amor de Jesus não esperam nenhum agradecimento ou gratificação, mas renunciam tudo isso porque encontraram o amor verdadeiro.”
Como o Senhor veio até mim e se inclinou sobre mim na hora da necessidade, continuou, “assim vou ao seu encontro e me inclino sobre aqueles que perderam a fé ou vivem como se Deus não existisse, sobre os jovens sem valores e ideais, sobre as famílias em crise, sobre os enfermos e os prisioneiros, sobre os refugiados e imigrantes, sobre os fracos e desamparados no corpo e no espírito, sobre os menores abandonados à própria sorte, bem como sobre os idosos deixados sozinhos.”
“Onde quer que haja uma mão estendida pedindo ajuda para levantar-se, ali deve estar a nossa presença e a presença da Igreja, que apoia e dá esperança”, afirmou Francisco com veemência.
“Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que «quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável».”
Referindo-se ainda sobre a nova Santa, disse que a fundadora das Missionárias da Caridade se inclinou “sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes da pobreza criada por eles mesmos.”
A misericórdia foi para ela, recordou Francisco, “sal”, que dava sabor a todas as suas obras, e a luz que iluminava a escuridão de todos aqueles que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar pela sua pobreza e sofrimento.
“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres. Hoje entrego a todo o mundo do voluntariado esta figura emblemática de mulher e de consagrada: que ela seja o vosso modelo de santidade!”
“Que esta incansável agente de misericórdia nos ajude a entender mais e mais que o nosso único critério de ação é o amor gratuito, livre de qualquer ideologia e de qualquer vínculo e que é derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião.”
Madre Teresa gostava de dizer: «Talvez não fale a língua deles, mas posso sorrir». “Levemos no coração o seu sorriso e o ofereçamos a quem encontremos no nosso caminho, especialmente àqueles que sofrem. Assim abriremos horizontes de alegria e de esperança numa humanidade tão desesperançada e necessitada de compreensão e ternura”, concluiu o Papa.

Fonte: Rádio Vaticana.va

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Milagre que levará à canonização de Madre Teresa passou pela fé e amor de uma esposa

Santinho de Madre Teresa de Calcutá. Foto: Daniel Ibáñez

O milagre que levou a canonização de Madre Teresa de Calcutá, que acontecerá no próximo domingo no Vaticano, veio do Brasil e, além da força da fé, demonstra também a importância da oração, do amor e da família. A cura inexplicável de Marcílio Haddad Andrino passou pela perseverança de sua esposa Fernanda Nascimento Rocha Andrino.

Marcílio nasceu em Santos (SP) e, quando criança, descobriu um problema renal. Aos 19 anos, fez um transplante de rins, porém, sempre teve uma vida normal.  Formou-se em engenharia mecânica, fez mestrado, doutorado e passou em um concurso público para o Rio de Janeiro. Até que, em 2008, começou a ter convulsões, indo parar no hospital.

Nessa época, Marcílio estava de casamento marcado com Fernanda, que conheceu no ano 2000. Em entrevista concedida ao site da Arquidiocese do Rio de Janeiro (ArqRio), Fernanda recordou que essa “foi uma fase difícil”.

“Demoramos a marcar o casamento e, quando resolvemos nos casar, ele começou a sentir tonturas. Eu me sentia insegura porque ninguém descobria o que ele tinha”, relatou. Mesmo assim, o casal decidiu manter a data do casamento, porque – explicou Fernanda – “embora ele estivesse ficando com a saúde debilitada, ele não deixava de ser o Marcílio, a essência dele não se perdia. Não era uma pessoa estranha, um desvalido porque estava doente”. “O amor não vê nada disso”, sublinhou.

Até mesmo no dia do casamento, Marcílio teve uma convulsão e algumas pessoas disseram para ela não se casar com ele por conta da enfermidade. “Ele estava doente sim – declarou –, mas era o Marcílio que eu amava. E amo até hoje. Tanto que sempre fiquei ao lado dele, firme na oração”.

Após o casamento, as convulsões continuaram e, em 20 de outubro de 2008, teve uma convulsão forte e foi para o hospital. Descobriu-se que estava com abcessos no cérebro. A partir de então, Madre Teresa começou a entrar na vida daquela nova família.

Fernanda contou ao site da ArqRio que a primeira a lhe falar sobre a religiosa foi sua chefe, chamada Adiles, a qual contou ter sofrido um aneurisma e falava da certeza de que Madre Teresa a tinha curado, embora não pudesse provar. Adiles lhe deu um livro com a novena da beata.

“Eu cheguei a fazer a novena nas intenções do Marcilio, mas sem muita certeza. Mesmo internado, era visível que o tratamento médico não estava resolvendo”.

Diante da piora de seu marido, Fernanda procurou Padre Elmiran Ferreira, que lhe dava assistência espiritual. “Nesse mesmo dia – recordou –, ele esteve com as Missionárias da Caridade, em Santos. Ele tirou do bolso a oração com a relíquia de Madre Teresa e disse-me: ‘Fernanda, faça essa oração. Se apegue à Madre Teresa’. Na mesma hora, lembrei-me da Adiles e pensei: ‘preciso ter essa ligação forte com Madre Teresa’”.

Desde aquela ocasião, passou a rezar com afinco, colocava a relíquia na cabeça de Marcílio ou sob o travesseiro.

Na noite de 8 para 9 de dezembro, Marcílio começou a sentir uma dor de cabeça muito forte. “Logo cedo, liguei para os nossos familiares e disse que ele estava muito ruim. Insisti que fizessem mais orações, pedindo a intercessão de Madre Teresa”, contou.

O médico disse para ela que seu marido estava acumulando líquido no cérebro e precisava colocar uma válvula para drenar. Mas, por vários fatores, a cirurgia foi se adiando. Primeiro, a demora do convênio médico para autorização. Em seguida, a anestesista informou que o paciente não estava em condições de ser entubado. Assim, Marcílio foi levado para a UTI.

“Tive que ir embora, porque os familiares não podiam ficar na UTI. Fui até a porta da UTI e disse: ‘Madre Teresa, eu vou, mas fica com o Marcílio, acompanhe-o, faz o que for preciso. Se não for da forma que eu quiser, se o caminho dele for ficar ao seu lado, ajude-nos nessa hora’”, disse Fernanda.

Ela foi para casa, onde intensificou suas orações, pedindo a Madre Teresa que fosse até a UTI, colocasse suas mãos sobre a cabeça de Marcílio e o curasse.

No dia seguinte, recebeu a notícia do médico de que as dores de cabeça tinham passado e que o paciente sairia da UTI. Após exames, Fernanda contou que o médico lhe disse: “Não sei o que aconteceu, a medicina não explica o que houve com o Marcílio; só pode ser alguém lá em cima”.

Mas, a notícia da cura veio seguida por outra. O médico falou a Fernanda que as chances de o casal ter filhos eram mínimas por conta do transplante de rins e também pelos vários medicamentos que Marcílio tomou. Esse diagnóstico foi confirmado após um exame que mostrou que a chance de terem filhos era de menos de 1%.

“O médico sugeriu um tratamento e que aproveitássemos os melhores espermatozoides. Não aceitamos. Se Deus não permitisse que tivéssemos filhos, pensamos na adoção, pois há muitas crianças que precisam de um lar”, assinalou.

Quando Marcílio voltou ao trabalho no Rio de Janeiro, Fernanda se sentiu mal e descobriu que estava grávida de Mariana, que nasceu em 2010. Pouco depois, engravidou do segundo filho, Murilo, que nasceu em 2012.

“Digo que as gestações que eu tive foram uma extensão da graça de Madre Teresa. E até hoje ela nos acompanha. Passamos isso aos nossos filhos, para que eles também agradeçam a Madre Teresa. Quando rezamos, sempre repito nas orações: Madre Teresa de Calcutá, e eles respondem: rogai por nós”, contou à ArqRio.

Após tudo o que passaram, Fernanda declarou que “família é tudo, e que não se dissolve num momento ruim”. Para ela, “é muito fácil ser unido, encontrar beleza quando está tudo bem. Mas é nos momentos difíceis que a gente encontra força no outro”.

“Somos hoje uma família ‘Teresa de Calcutá’, estamos aqui graças à sua intercessão. Ela disse que se um dia se tornasse santa, seria a santa da escuridão. E ela foi até lá, com a luz de Jesus, iluminou e curou o Marcílio. E foi uma cura plena”, completou.

Fonte: (ACI)