Do México, Polônia, Romênia ou Itália, todos atraídos pela sua santidade
ROMA, domingo, 1º de maio de 2011
Quando a vigília de preparação para a beatificação de João Paulo II, no Circo Máximo de Roma, se conectou via satélite com o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, as Missionárias do Santíssimo Sacramento, misturadas entre os peregrinos, agitaram seus lenços para chamar a atenção dos seus conterrâneos.
Elas eram 7 e vinham de Nuevo León. "João Paulo II foi um pai para nós - afirmou a irmã Adela de la Rosa, na noite do sábado. Sempre próximo das pessoas, unido a Cristo, uma testemunha com toda a sua vida."
Sua capacidade de estabelecer contato com as pessoas era impressionante: "Em sua visita ao México, as pessoas o aguardaram na rua durante horas e horas, com a esperança de vê-lo, de poder tocá-lo".
As irmãs tinham previsto ir do Circo Máximo de Roma à Praça de São Pedro e esperar até que, às 5h30, abrissem as entradas para poder participar da beatificação.
O chão estava úmido, pois choveu durante o dia. "E se voltar a chover?", nós lhes perguntamos. "Não tem problema, abriremos os guarda-chuvas", responderam.
Do Leste da Europa
Junto a elas, erguiam bandeiras brancas e vermelhas 19 jovens poloneses que viajaram durante 3 dias para chegar de Gdansk a Roma. Mas eles não sentiam o cansaço. "Mais ainda: para nós - afirmou Magda Batachowska -, é um sonho poder estar aqui por ocasião da beatificação de João Paulo II."
Como polonês, "ele foi especialmente o 'nosso' Papa, um pai para todos e agora um santo a quem podemos nos confiar".
Que palavras ficaram mais gravadas no coração? "Não tenham medo - responde Magda, com segurança. E é assim mesmo, não pode acontecer nada mau a quem crê."
"Nu và temeti!" era o slogan impresso nas camisetas da Ação Católica da Romênia. Saíram de ônibus na quinta-feira passada, de Cluj, e fizeram paradas em Pádua, Assis e em Roma, onde são acolhidos na paróquia de São Barnabé, com sacos de dormir.
"O Papa vinha do Leste da Europa - afirmou Oana Tuduce. Ele sabia compreender a nossa situação, pois ele também a tinha vivido, e isso nos motivava."
"Sua lição fundamental - acrescenta Oana - foi a confiança na verdade, pois a verdade nos torna livres: se houvesse mais valentia em nossos países para enfrentar os erros do passado, a situação atual melhoraria."
Missionário com o sofrimento
Uma longa viagem de ônibus, à noite, também teve de ser enfrentada pelos escoteiros de Misterbianco, na província italiana de Catania.
Giuseppe Scuderi tinha 16 anos quando Wojtyla morreu, mas reconheceu: "Eu o via na televisão e o sentia próximo dos jovens, carinhoso com os pequenos".
Alfredo Murabito acrescenta: "Não se compreendia muito bem quando ele falava, nos últimos momentos da sua vida, mas ele transmitia emoções: ao escutá-lo, eu me sentia melhor".
Esses jovens também programaram uma "noite branca", sem dormir, entre o Circo Máximo e a Praça de São Pedro: "Nós nem sequer trouxemos sacos de dormir - explicam. Seria um peso inútil".
Vidas transformadas em segundos
O irmão Fabian, da Comunidade de São João - que une a vida ativa e a contemplativa -, na Áustria,, lembrou-se de um momento especial ligado a João Paulo II: "Eu tinha 19 anos quando ele visitou Paderborn, no norte da Alemanha, a caminho de Berlim. Ele estava no papamóvel e, ao passar ao meu lado, olhou para mim: foi um momento decisivo para mim".
"Hoje a Igreja nos encoraja a confiar-nos à sua intercessão; e sua beatificação é um selo do que já tínhamos no coração", acrescentou.
Por ocasião da beatificação de Madre Teresa de Calcutá, Constança Andrade, de Lisboa, veio a Roma para se perder na multidão de peregrinos que comemorava os 25 anos de pontificado de João Paulo II.
À noite, foram planejados fogos de artifício: "A Praça de São Pedro estava escura - recordou Constança - e o Papa apareceu na janela. Entoamos o cântico de Nossa Senhora de Fátima, e de repente João Paulo II disse ‘boa noite' em português. É uma lembrança inesquecível".
Santidade próxima
Por que nós o amamos? "Porque ele abriu a Igreja para as pessoas, porque ele é um santo da nossa época", disse Benedetto Coccia, presidente da Ação Católica de Roma.
"João Paulo II trouxe o conceito de santidade aos jovens, fazendo que se desmoronasse o preconceito do afastamento da vida cotidiana, que tínhamos."
Muitos jovens da associação, por ocasião da beatificação, comprometeram-se como voluntários: "É uma forma de serviço - disse Benedetto -, mas também uma forma de agradecer ao Papa, que nos ensinou a ser Igreja".
Alegria neocatecumenal
No Circo Máximo também se encontravam jovens do Caminho Neocatecumental, procedentes de toda a Europa, dançando ao som do tambor bíblico.
Gianfranco Tata, da comunidade neocatecumenal da paróquia de São Jerônimo Emiliani de Roma, é um veterano das Jornadas Mundiais da Juventude, começando com a de Santiago de Compostela, em 1989, passando por Denver, Paris, Roma, Toronto,concluindo com a de Colônia, em 2005, presidida por Bento XVI.
"Eu vi João Paulo II muitas vezes - conta. Acho que ele evangelizou o mundo com seu sofrimento, perturbando a lógica do mundo, que não aceita aqueles que não estão em perfeitas condições."
"Eu o via muitas vezes na televisão, aos domingos - contou Achille Ascione, de Nápoles. Impressionava-me o seu sofrimento, eu sofria com ele. Acredite em mim, eu falo de coração."
Achille não veio ao Circo Máximo como peregrino, mas para vender imagens de João Paulo sorridente enquanto abençoava. É um dos trabalhos que ele improvisa para sustentar-se.
"Presente, presente, o Papa está presente", repetiam em coro os fiéis do Santuário de Guadalupe, contagiando alegria aos 200 mil peregrinos reunidos em Roma. E mais uma vez se ouvia o famoso grito: "Juan Pablo II, te quiere todo el mundo".
Em seu testemunho no palco, acompanhado por mais de 100 países graças à televisão, o cardeal Stanislaw Dziwisz, antigo secretário de Karol Wojtyla, afirmou: "Nesta noite, no Circo Máximo, o Papa João Paulo II está mais presente do que nunca".
(Por Chiara Santomiero)
Fonte: Zenit
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